Híbrido de trem e avião pode agilizar transporte aéreo
Conceito da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, promete acabar com as filas e atrasos em aeroportos
por
Luciana Galastri
Viajar de avião, hoje, é uma experiência trabalhosa: o passageiro
precisa se deslocar, na maioria dos casos, a áreas remotas de sua
cidade, enfrentar filas, atrasos e, claro, não podemos deixar de citar o
preço abusivo do café e do pão de queijo.
Tudo isso faz com que uma viagem aérea, que deveria ser ágil e prática,
se transforme em uma atividade cara e demorada. E, com a popularização
das tarifas das empresas aéreas e com uma quantidade maior de
passageiros, estes problemas tende a se agravar.
Pensando nisso, engenheiros da Escola Politécnica Federal de Lausanne
(EPFL), na Suíça criaram um conceito para um novo tipo de transporte - o
Clip-Air, um híbrido de avião com trem. O passageiro embarca em um
terminal similar ao de um metrô e entra em um vagão determinado. Este
vagão, por sua vez, anda sobre trilhos e, durante o percurso, é acoplado
por uma aeronave que levanta vôo. Capaz de levar até três vagões por
vez, o veículo pousa sobre trilhos na cidade de destino e libera os
vagões. E, assim como no metrô, eles param em diversas estações - basta
que o passageiro desembarque na mais próxima. Ou seja, o aeroporto, em
si, seria desnecessário.
Os vagões, ou ‘cápsulas’, medem 30 metros e possuem capacidade de 450
passageiros por vez, barateando os custos das viagens e tornando as
naves mais eficientes. Afinal, pelas cápsulas serem independentes uma
das outras, a necessidade da aeronave fazer escalas demoradas em
aeroportos seria suprimida. A nave desce, libera a cápsula sem,
necessariamente parar, e parte para a próxima estação, podendo até se
ligar a uma nova cápsula na mesma parada. Com esse esquema, o
combustível também poderia ser economizado e, pelo design modular da
estrutura, o espaço de ‘estacionamento’ também seria menor.
Segundo o gerente do projeto, e engenheiro da EPFL, Claudio
Leonardi, a tecnologia atual e os motores existentes já permitem o
estudo mais aprofundado do conceito. “Sim, adaptações seriam
necessárias, mas é possível pensar no Clip-Air com o mesmo tipo de motor
do que os usados em aviões hoje - isso também permitiria que o Clip-Air
viajasse com a mesma velocidade”, explica.
Apesar da tecnologia para tornar o projeto viável já existir, Leonardi
conta que, idealmente, os motores do Clip-Air queimariam menos
combustível e aceitariam fontes alternativas de energia. “Hoje nossos
estudos mostram que o veículo queimaria um pouco menos de combustível
para fazer um trajeto de 400km. Mas queremos que ele voe também com
outros tipos de combústível - a flexibilidade é a beleza do conceito”, afirma.
Mas os vagões e as asas em si não seriam a únicas estruturas
necessárias para viabilizar o Clip-Air - cidades que adotassem o sistema
de transporte aéreo também precisariam de trilhos que suportem os
vagões e que passem por áreas amplas o suficiente para permitir o pouso e
a captura deles pela aeronave. De acordo com Leonardi, inicialmente o
projeto previa trilhos maiores, mas, agora, engenheiros estudam fazer
com que os vagões andem sobre o mesmo padrão de trilhos do que trens e
metrôs comuns, podendo utilizar estruturas já existentes.
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